Notas (sobre) Aqui e Agora, cantadas por Gôndolas ou Gondoleiros

"Os seres humanos gastam as suas vidas
a prepararem-se, a prepararem-se, a prepararem-se...
para acabarem por enfrentar a próxima vida sem qualquer preparação"
Drakpa Gyaltsen

Já muito tem sido dito, escrito e até experimentado sobre viver o Agora, agora mesmo, aqui mesmo… Concentrando no que é, a energia que existe… e fluindo com ela, através de cada instante.
Não resisto a brincar um pouco com as palavras, e notas, perdendo-me e encontrando-me, aqui e agora...

Como gôndolas conduzidas graciosamente por entre canais…
... ou vogando sem graça... Presas ao brilho do Sol ou ao lodo do fundo; ancoradas ao cais de onde partiram, ou, sem âncora nem remo, à deriva do sonho de “” chegar (onde quer que lá seja)… numa eterna espera e preparação para "" chegar...
São gôndolas que vibram em notas soltas e tontas, desprovidas de sentido ou direcção…
Reféns da “” de “Si” mesmas, que se sentem “”'s do mundo e à “” da vida; ou que se fazem de “Sol”, venerados por Fá's ocos e mudos e surdos ao que existe “” fora, "" dentro... e mais ALém...
Fazem ressoar notas cinzentas com que que cobrem o mundo... amortecendo-o e à sua experiência dele... filtrada pelos colectivos “Mi”, “Mi”, “Mi”... que ecoam num ritmo entorpecedor e maçador... na rede umbilical colectiva... como uma rede de alarme de dessensibilização e desvitalização colectiva.
Aqui e ali, surgem gôndolas que retiram a sua atenção ao resfolegar dos "Mi"s, que ecoam nas águas colectivas e pessoais, e colocando-a Naquele que transportam dentro de si...
e no recentemente conquistado silêncio, percebem para sua surpresa e satisfação, que aquela voz entoa melodias de amor, sabedoria e boa vontade... entrelaçando notas criativas, que unem, conectam, ampliam, recriam e dão significado e orientação à vida...
Deixam-se então conduzir, por esse gondoleiro interno...
E lançam nas águas a raiz profunda do seu remo, dançando com o canto, e celebrando o Sole e o Mio e o Nostro, e o céu, e as águas e as margens e o fundo que acariciam, permitindo-se saboreá-lo, contorná-lo, compreendê-lo…
... Percebendo o momento em que urge soltá-lo, para não recuarem... para avançarem, lançando-se num novo balanço, que alcança outro instante…
Inteiros em cada momento.

Colocando aqui e agora, tudo o que somos e que podemos, inteiramente receptivos tanto ao serviço como à celebração aqui escondidos.
No aqui e agora que se lhe seguir, poderemos ser um pouco melhores, poder um pouco melhor, saber um pouco melhor, amar um pouco melhor e encontrar novas e melhores oportunidades de servir e celebrar.

Em cada momento, salvamos uma escolha e deixamos as outras morrer.
Qualquer que seja, escolhamos inteiros e com graça.
Que o medo sirva o amor, e o amor o Amor.
Que saibamos deixar-nos conduzir pelo nosso "Gondoleiro Interno".
um abraço pleno de ternura, aqui e agora :)
Margarida Santos

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