Terapia para Bebés - E se for verdade que os Bebés nascem com Traumas?!

Olá Amig@s
Gostaria de partilhar convosco algumas questões associadas à Formação em Terapia para Bebés, facilitada por Karlton Terry, cujo primeiro módulo irá decorrer nos dias 27 a 30 de Março de 2014, em Lisboa. 
Por motivos maiores, deixei de fazer parte da sua Comissão Organizadora, sentindo uma profunda gratidão e apreço pelo trabalho que desenvolvemos, um trabalho de equipa amorosamente empenhada, que deu forma ao nascimento deste projecto tão valioso em Portugal. Embora de forma informal, mantenho o meu apoio a esta maravilhosa equipa e projecto que prossegue, trazendo o seu contributo de forma tão significativa!! 
Uma vez mais, recomendo vivamente esta formação, assim como a Conferência de Apresentação e a Workshop de Introdução que terão lugar nos dias 1 a 3 de Novembro de 2013.
Talvez queiram espreitar directamente a divulgação destes eventos: http://yhiolascalata.blogspot.pt/2013/10/workshop-conferencia-e-formacao-em.html.
No site http://convidanascer.wordpress.com/, encontram a informação detalhada sobre as condições e formato desta formação, os eventos associados, assim como artigos e outros links com material que vale a pena investigar. 

Por outro lado, quero ainda partilhar convosco algumas reflexões sobre a pertinência desta formação e da própria investigação e reflexão sobre esta temática nos dias de hoje.
Tanto a tomada de consciência sobre os riscos de traumatização inerentes ao período intra-uterino e ao parto, como a aprendizagem e desenvolvimento de recursos, valores e competências concretas que facilitam tanto a prevenção de tais traumas como o descondicionamento das suas consequências, são urgentes e essenciais à progressão humana. Por outro lado, a sua própria existência origina questões importantes a todos nós.
Actualmente atravessamos um período difícil, onde as noticias dos media reflectem o foco geral sobre os problemas e disfunções da humanidade, num clima de insegurança geral.
Sem dourar pílulas, é verdade que as crises doem, por vezes "descambam" num caos degenerativo; e também é verdade que permitem o acordar para o que realmente faz e traz sentido à vida (e às próprias crises), assim como à criação de soluções (e resoluções) novas e construtivas. Imaginar que é possível dar sentido às crises actuais poderá parecer tagarelice alienada New Age (e na verdade, como em qualquer New Qualquer Coisa, existem New Excessos face aos Old Ones) e/ou à desresponsabilização perante o desenrolar da “história”. Não é, de todo, ignorando a realidade, que poderemos alterá-la. Podemos sim, e é o nosso destino, ampliar a nossa consciência da realidade para que possamos co-criá-la, de modo positivo a todos nós.
O mundo científico tem vindo a crescer e a comprovar factos até então ignorados e negligenciados no nosso mundo pragmático. Olhemos a física quântica, por exemplo, e veremos isso. Cada vez mais, aqueles princípios e fórmulas ocultistas que as antigas tradições metafísicas transmitem como parte da natureza (de tudo o que é), assim como dos seus ciclos de manifestação e desenvolvimento, são reconhecidos, gerando novos paradigmas, e permitindo a dissolução de misticismos sem sentido. Assim, cada vez mais (e muito mais será descoberto), o mundo exotérico (exógeno, visível) pode vislumbrar e aceitar o mundo esotérico (endógeno, oculto), permitindo essa união e complementarização.
A título meramente exemplificativo, poderemos reflectir sobre o Amor.
No mundo terreno, o Amor parece não ter substância, não podendo por isso ser tocado ou visto. Ainda assim, é real que o Amor existe, que o Amor cura, que o Amor facilita a comunicação e sintonização com a realidade interna e (aparentemente) externa a nós, possibilitando um maior equilíbrio e efectividade, e que a sua ausência leva à desfragmentação e à incapacidade de nos relacionarmos de forma clara, lúcida e criativa, com o que é real. 
O mundo científico tem investigado sobre tais repercussões, demonstrando a sua veracidade e o que as fundamenta, concretamente. A este respeito, vale a pena espreitar o site: http://www.heartmath.org/, do Institute of HeartMath, com mais informações sobre aquilo que ali designam "The Sciense of the Heart" (A Ciência do Coração). 
Entre outras questões, a Formação em Terapia para Bebés enfatiza o papel curativo do Amor, Empatia, Respeito e Verdade, como podem ser (mais) desenvolvidos e as repercussões da sua ausência. Estes são valores essenciais da Espiritualidade, independentemente da instituição religiosa ou metafísica em questão.
Seria ingenuidade considerar que este curso é a resposta “final” aos problemas humanos. Vários esforços em diversas áreas e vertentes são necessários ao avanço comum. Considero sim, que esta é outra das sementes significativas nesse processo.
O que acontece se assumirmos como uma possibilidade, uma “hipótese de trabalho”, que “nascemos com traumas”: nesse caso, seríamos criados por pessoas que fazem o seu melhor mas que, também elas (de acordo com esta hipótese) nasceram com traumas e foram criadas por pessoas com traumas, e conviveram com pessoas com traumas…
Que os traumas existem e condicionam a nossa forma de agir, sentir e pensar, de formas inconscientes (logo, por natureza, desconhecidas), é hoje indiscutível. Assim como é indiscutível, que os seus sintomas nos impedem de receber e dar à vida aquilo que mais bem-estar nos poderia trazer.
Na verdade, em presença das nossas feridas e suas sequelas, não somos diferentes “daquele animal” que, por estar ferido, não distingue a intenção da mão que se aproxima, reagindo compulsivamente: poderá morder, fugir, esconder-se ou submeter-se a ela, independentemente da intenção “da mão” ser ajudá-lo ou prejudicá-lo.
Quantas “mãos” (dos outros e de nós próprios) acatamos/ rejeitamos/ atacamos, indiscriminadamente, como consequência das nossas feridas/ traumas?
Independentemente de “quem mordeu ou fugiu primeiro”, é importante sairmos dos ciclos de vitimização e culpabilização, com os outros e connosco próprios, que é uma consequência natural dos traumas e até mesmo parte normal do nosso crescimento e amadurecimento na vida terrena. E, para isso, é necessário reconhecermos que temos feridas, responsabilizarmos pela nossa cura e pelo nosso impacto sobre aqueles que nos rodeiam, numa rede de inter-ajuda saudável e construtiva. Nesse processo desenvolve-se a almejada capacidade de ser e agir mais conscientemente.
Voltando àquela hipótese de trabalho, surgem outras questões significativas, tais como: 
Se geralmente nascemos com traumas, como será, quando/se formos gerados por pessoas que reconhecem os riscos, procuram prevenir tais traumas, e que nos dão a ajuda de que precisamos para superar aqueles que são inevitáveis? 
Se geralmente todos nós crescemos condicionados por traumas, (como poderemos saber) qual será a dimensão do verdadeiro potencial humano? 
Se aquilo que é vivenciado durante o período intra-uterino e durante o parto pode ser traumatizante, qual é a natureza da memória, competências e grau de consciência de um feto/bebé - e mesmo de um ser humano?  
Dado que existe aquela “hipótese de trabalho”, e todas a repercussões inerentes, não será negligente ignorá-la ao invés de investigar mais sobre ela? 
Felizmente, muita investigação cientifica tem sido desenvolvida, sobre múltiplos aspectos da natureza. Assim aconteceu, a respeito daquela "hipótese de trabalho": a ideia de que o nascimento pode gerar traumas não é nova, tendo sido introduzida pela primeira vez por Otto Rank, psicólogo e psicanalista Austríaco. Desde então, e em especial durante a década de 1970, muitas investigações foram realizadas, tendo vindo a comprovar que não só o nascimento como também as experiências pré-natais, podem ser recordadas e ter um forte impacto durante toda a vida.
Até já tem sido comprovado que os bebés/fetos sentem realmente dor (com o decorrer das investigações, os indícios da percepção da dor pelo bebé/feto são encontrados em fases cada vez mais precoces do seu desenvolvimento )... E assim começaram a utilizar-se anestésicos durante intervenções cirúrgicas a bebés, antes e depois do parto... Até lá (e, infelizmente, ainda hoje acontece), a prática comum era fazê-las a sangue frio.


Saber mais sobre a verdadeira dimensão dos bebés e de nós próprios, é precioso tanto para os profissionais que trabalham com bebés, como para aqueles que, "simplesmente", são pais e/ou filhos.

Novamente, impõe-se outra questão: 
Se for verdade que existem actualmente informações e recursos que permitem a prevenção de tais traumas e a resolução do condicionamento provocado por traumas inevitáveis, não será negligente ignorá-lo, ao invés de investigar mais sobre este tema?

Outro factor significativo que é abordado durante a Formação em Terapia para Bebés e que leva a reflexões fundamentais, é a questão da Comunicação Não Verbal, e a possibilidade de a desenvolver conscientemente com os Bebés. 
Que mundo de possibilidades pode ser aberto e revelado, se desenvolvermos a capacidade de comunicar melhor com os bebés, através da Comunicação Não Verbal? Que melhoras concretas isso pode trazer às famílias e às relações humanas em geral?
Não resisto a lançar outro repto: Não se deixem convencer por mim, nem por ninguém, a este respeito ou sobre o que quer que seja! Simplesmente investiguem e reflictam! De nada serve a aceitação de conhecimentos das autoridades externas, velhos ou novos, sem o devido "ressoar" interno.
Precisamos de ser pessoas conscientes e de estarmos rodeados por pessoas conscientes… Pessoas que desenvolvem a própria autoridade e sabedoria internas, com humildade, abertura à aprendizagem, e força de vontade suficientes para prosseguir no seu/nosso caminho, responsavelmente.
Da minha parte, e como outro à parte, partilho: essa investigação é apaixonante, tanto pelo mundo maior e mais significativo que abre, como pelo confronto com os resultados maravilhosos que demonstra e permite. Se por um lado pode ser doloroso o confronto com realidades desconhecidas, e com as consequências da nossa ignorância até então, por outro lado permite viver com (cada vez) maior liberdade, criatividade, amor, responsabilidade e sentimento interno de realização.
O trabalho terapêutico com adultos é amplamente gratificante, pelo precioso desabrochar de consciência que permite, confesso, amo profundamente o meu trabalho e sinto-me privilegiada!
Por outro lado, o acompanhamento de bebés permite um processo mais rápido, eficaz e precoce, pela própria natureza precoce da actuação.
Esta formação em Terapia para Bebés, de forma directa e indirecta, permitirá “tocar” diversas pessoas: os próprios formandos, como futuros terapeutas de bebés - salientando-se aqueles que já actuam profissionalmente com bebés; os pais que estes vierem a acompanhar profissionalmente; todos aqueles com quem essas pessoas convivem/partilham/interagem; e, principalmente, os próprios bebés, que constituem as novas gerações. As nossas crianças desfrutarão de uma manifestação muito mais plena do seu potencial humano, e da sua capacidade criativa de fazer face aos desafios da nossa vida terrena. Poderão crescer na sua capacidade de Amar e sentir-se Amados, Úteis e Realizados na vida. 
É incrível o poder das ondulações que surgem, horizontais e verticais, quando uma simples pedra é lançada a um lago… As vagas têm repercussões infindáveis, que transcendem o visível e tangível... Quando algo ou alguém muda, tudo o que o envolve é afectado.
Louvo esta e todas as iniciativas que propagam ondulações de Amor, Cura, Consciência, nas várias áreas e níveis da vida. Sou grata por essa diversidade, pelas diversas vocações e contribuições que confluem para um futuro mais luminoso, e mais presente, da NOSSA humanidade.

A tod@s
Aquele Abraço

Margarida

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